segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Jorge Borges de Macedo: 10 Anos Depois (1996-2006), edição especial da revista "Negócios Estrangeiros"


Foi lançado no passado dia 25 de Setembro, na Casa Fernando Pessoa (Lisboa), numa sessão bastante concorrida, com muitas intervenções do público, a edição especial da revista Negócios Estrangeiros, número 11.3 (Agosto 2007), dedicada a Jorge Borges de Macedo: 10 Anos Depois (1996-2006). A revista inclui as actas das comunicações apresentadas no ciclo de conferências Jorge Borges de Macedo: da História como Problema, realizado durante o ano de 2006, e conta ainda com depoimentos de Luís Santos Graça, José Manuel Tengarrinha, António Borges Coelho, Eduardo Gonçalves Rodrigues e Jorge Braga de Macedo, filho do homenageado, e textos de Álvaro Costa de Matos, Armando Marques Guedes, Ana Leal Faria e Francisco Lopo de Carvalho. Desta edição merece especial atenção as comunicações referidas.

Na primeira, Luís Aguiar Santos mostra-nos o contributo de JBM para a renovação da história económica, com as suas obras A Situação Económica no Tempo de Pombal, O Bloqueio Continental e Problemas da História da Indústria Portuguesa no Século XVIII. Mas mostra-nos sobretudo a necessidade de revisitarmos, duma forma crítica, esta mesma produção historiográfica, pois não só subsistem muitas das ideias-feitas e lugares comuns que julgávamos desmontados com JBM, como, não raras vezes, somos confrontados com o aparecimento de novos trabalhos sobre estas mesmas questões e período, mas que de novo nada trazem, antes constituindo, nalguns casos, um retrocesso comparativamente com o já conhecido e publicado. Inclui comentário de Jorge Braga de Macedo.

Raul Rasga, na segunda comunicação, trata da historiografia cultural de JBM, não menos importante que a económica, ou outra qualquer. E conclui pela existência de uma historiografia atenta ao concreto, baseada no rigor científico, igualmente demolidora para com as ideias-feitas e os lugares comuns ou as visões estritamente ideológicas do passado. E que valoriza uma cultura portuguesa que reelabora o que se faz “lá fora”, por outras palavras, uma cultura que não está isolada da cultura europeia; pelo contrário, está a par do que se discute na Europa, acompanha os debates contemporâneos, utiliza argumentos da cultura europeia, reelabora esses mesmos argumentos, adequando-os à realidade nacional e, desta forma, resiste à normalização.

Paulo Miguel Rodrigues, na terceira comunicação, ocupa-se dos trabalhos de JBM na área das relações internacionais e da história diplomática que, segundo cálculos do próprio, representam entre 18 a 20% do total da sua produção historiográfica. Os trabalhos sobre o Atlântico, realidade a partir da qual Portugal se afirmou no mundo, começa por dominar, mas depois, a partir da década de 80, surge o interesse pela Europa e as relações de Portugal com a Europa. Entre os aspectos coincidentes com as outras análises, destaque para a luta contra o preconceito, a desconstrução dos mitos na historiografia portuguesa.

Carlos Cunha, na quarta comunicação, aborda o social na produção historiográfica de JBM, não sem antes falar nas influências teóricas e metodológicas e nas constantes da sua obra. Das influências, registe-se Hegel, na sua visão dialéctica da história; Marx, numa dialéctica que comporta situações alternativas; o Materialismo Histórico – influências que depois se vão esbater a favor da Escola dos Annales, nomeadamente em Marc Bloch, Lucien Febvre e Fernand Braudel. Das constantes, assumem particular relevância a rejeição de JBM pela aplicação mecânica/automática de modelos abstractos à realidade social; a valorização do concreto baseada na verificação documental rigorosa; o predomínio da história-problema na reconstituição do passado, com recurso à interdisciplinaridade; a formulação de hipóteses adequadas ao concreto. Os seus estudos de história social contribuíram decisivamente para um renovado olhar sobre a sociedade portuguesa, numa história que queria evitar a história tribunal.

Álvaro Costa de Matos, na última comunicação, faz uma análise mais global da actividade de JBM como historiador, fixando os aspectos estruturais e específicos da sua produção historiográfica bem como o seu contributo para a renovação da historiografia portuguesa a partir dos anos 50, não sem antes contextualizar o historiador e a sua obra, tratando dos dados mais significativos da vida pública de JBM e da sua bibliografia essencial. O autor revisita e analisa ainda a produção ensaísta de JBM, menos conhecida do público, mas indissociável da historiográfica, e onde assumem especial relevância quer os textos sobre a Europa e as relações de Portugal com a Europa quer os seus escritos sobre o problema da identidade nacional. JBM foi um dos historiadores portugueses que, a par da investigação histórica propriamente dita, mais reflectiu sobre a Europa e o papel de Portugal na construção europeia, pelo que a leitura destes textos se torna fundamental para perceber o seu pensamento europeu. Álvaro Costa de Matos termina com uma reflexão final sobre o significado histórico e cultural do legado de JBM.

Em suma, estamos perante uma colecção de estudos que, doravante, se torna imprescindível para quem se debruçar sobre a vida e a obra de um dos maiores historiadores portugueses do século XX, que foi o Professor Jorge Borges de Macedo.

sábado, 22 de setembro de 2007

Jorge Borges de Macedo na Casa Fernando Pessoa...

No próximo dia 25 de Setembro, terça-feira, pelas 18h00, terá lugar na Casa Fernando Pessoa o lançamento da edição especial da Revista Negócios Estrangeiros, número 11.3 (Agosto de 2007) com o tema Jorge Borges de Macedo, 10 Anos Depois (1996-2006). A mesma será apresentada por Ana Reis, professora de história no Colégio de Santa Maria, e por João Macedo, neto do homenageado. Serão distribuídos exemplares pelos presentes. Não falte. Mais informações em: http://www.mundopessoa.blogspot.com/

terça-feira, 10 de julho de 2007

História Diplomática Portuguesa


Outra das obras saídas em 2006, a título de homenagem póstuma a Jorge Borges de Macedo (JBM), nos 10 anos da sua morte. Trata-se duma reedição, a segunda, desta vez com a chancela da Tribuna da História, na colecção História e Actualidade, numa edição que contou com a colaboração do Instituto de Defesa Nacional, e com os patrocínios da Fundação Maria Manuel e Vasco de Albuquerque d'Orey, IICT, INATEL, Centro Português de Geopolítica e da Sociedade de Desenvolviemnto da Madeira. A História Diplomática Portuguesa - Constantes e Linhas de Força foi publicada pela primeira vez na revista Nação e Defesa, numa série de artigos, entre 1977 e 1985. Depois, sob a forma de livro, surgiu em 1987, numa edição do Instituto de Defesa Nacional, que incluia ainda um prefácio do autor. Mas rapidamente desapareceu do mercado, até porque a tiragem foi pequena e a distribuição restrita. Como explica o editor, em nota ao novo volume, "impunha-se uma 2.ª edição, justificável, ao contrário da reimpressão, por um segundo (e forte) motivo: os artigos originais, publicados apressadamente e em condições difíceis, não satisfaziam, no respeitante à edição, nem autor nem editor". Uma revisão profunda tornou-se impossível, pelo morte de JBM, mas a actualidade e a qualidade da obra exigiam uma solução. Optou-se assim por uma revisão de forma, não de conteúdo, em estrita observância pelo texto original. O livro foi ainda enriquecido e valorizado com uma pequena apresentação de João Marques de Almeida, um prefácio à segunda edição, de Jorge Braga de Macedo, filho do autor, um conjunto de mapas e um útil indice remissivo. E em boa hora dado à estampa, pois trata-se de um dos principais livros de JBM, uma das obras fundamentais da historiografia portuguesa da segunda metade do século XX e sem dúvida uma "referência fundamental para quem se dedica ao estudo da história diplomática, da estratégia e da política externa portuguesa". Com efeito, a História Diplomática foi e continua a ser uma leitura obrigatória para os estudantes e historiadores mas também para os diplomatas, estudiosos de estratégia, geopolítica nacional, ciência política ou de relações internacionais ou política externa, que passam a dispor agora de um livro mais "completo", com outro aspecto gráfico, mais apelativo à leitura, que é o se pretende. De leitura obrigatória ainda, talvez sobretudo, pela concepção de geopolítica que apresenta, concebida a partir da pequena dimensão, dos pequenos estados, que importa não esquecer. Geopolítica que é indissociável da "nossa diferencialidade", como salienta Jorge Braga de Macedo. Ficamos pois à espera do segundo volume, ainda inédito, para o período posterior ao século XIX.

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Jorge Borges de Macedo: Saber Continuar


Este é o titulo do livro que, em boa hora, inaugurou a colecção Biblioteca Diplomática - Série A, do Instituto Diplomático do Ministério dos Negócios Estrangeiros. Publicado em 2005, "Jorge Borges de Macedo: Saber Continuar presta homenagem à memória de um historiador cuja visão de futuro, reconhecida por todos que o leram, ressalta da passagem de Portugal: um destino histórico, 1992, que deu origem ao título. O livro surge na sequência da apresentação do catálogo da biblioteca que JBM legou à Faculdade de Letras e de uma mesa redonda onde jovens investigadores apresentaram trabalhos inspirados na obra e na vida do homenageado. O registo das Comemorações do Legado Bibliográfico que tiveram lugar em 12 de Abril e 22 de Junho de 2005 segue-se à reedição de A Experiência Histórica Contemporânea, de 1994. Cada subtítulo corresponde a uma parte do volume que vem acompanhado de um DVD com a base de dados subjacente ao catálogo do legado bibliográfico, o vídeo das duas sessões de homenagem e o próprio livro. O texto destina-se a quem queira compreender a situação económica, social e política de Portugal no último quartel do século XX, assentando a explicação na experiência mundial, europeia e nacional. Como JBM também ensinou que "é preciso sabermos ter memória", aborada-se como exemplo a preservação do património secular do Instituto de Investigação Científica Tropical. Em A Experiência Histórica Contemporânea, o capítulo 1 trata da cena internacional e o capítulo 2 da experiência portuguesa de 1974 a 1994. Em Comemorações do Legado Bibliográfico, cinco capítulos constituem a mesa redonda "saber continuar", reproduzindo as 4 comunicações de 22 de Junho e respectivo debate depois das reflexões do moderador [Jorge Braga de Macedo] que vêm no capítulo 3. No capítulo 4, [da autoria de João Marques de Almeida], esboça-se uma interpretação de História Diplomática Portuguesa: constantes e linhas de força, 1987, que o Instituto da Defesa Nacional vai reeditar [reeditou] em 2006. O capítulo 5 [de Álvaro Costa de Matos] trata das constantes e linhas de força da ideia de Europa na obra de JBM. O capítulo 6 [de Ana Cannas, Conceição Casanova, Ângela Domingues e Pedro Pina Manique] inspira-se no interesse permanente de JBM por bibliotecas e arquivos, particularmente evidente quando dirigiu a Torre do Tombo. O capítulo 7 [de José Brissos] retira um conceito de liberalismo da obra de JBM. O capitúlo 8 [de Jorge Braga de Macedo] reproduz uma comunicação na sessão de 12 de Abril, na qual o organizador da edição e moderador da mesa redonda oferece a sua perspectiva sobre a vida e a obra de seu pai". (do Resumo. pp. 9-10)

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Jorge Borges de Macedo: notas caracterizadoras da sua historiografia

Como principais notas caracterizadoras da historiografia de Jorge Borges de Macedo (JBM), temos: a) desde logo, a diversidade dos temas tratados, pois JBM tanto se debruça sobre a problemática económica como sobre a sociedade, a política, a tecnologia, a ciência, a filosofia, a arte, a religião, entre outras temáticas, num entendimento da história como disciplina que trata a globalidade da experiência humana passada; b) a preferência pela inovação, presente em quase todos os estudos do historiador, em detrimento dos caminhos já explorados; c) desta última, resulta o esforço persistente para contrariar ideias-feitas sobre alguns problemas fulcrais da História de Portugal; d) a sua adesão “à história-problema, à teorização e ao elemento explicativo-superador da mera descrição” (José Amado Mendes), sempre suportada pela própria análise histórica, no quadro do que designava por “formalização concreta” – adesão esta facilitada, sem dúvida, pela sua licenciatura em Ciências Histórico-Filosóficas; e) a adopção de uma perspectiva aberta aos vectores políticos, socioeconómicos e culturais, procurando um quadro histórico matizado em vez das leituras estritamente políticas e diplomáticas que nos habituaram muitos anos de historiografia positivista; f) do ponto de vista metodológico, importa destacar tanto o recurso a fontes de diversos tipos e pouco utilizadas como o recurso a historiografia de várias origens, nomeadamente anglo-saxónica; g) o interesse de JBM por algumas das tendências historiográficas mais recentes, como a Nova História Económica ou a Arqueologia Industrial, por si teorizadas e divulgadas a outros historiadores e estudantes. Tudo isto contribuiu para que Jorge Borges de Macedo, juntamente com outros historiadores[1], tivesse um papel fundamental, para não dizer primordial, na renovação que a historiografia portuguesa conheceu a partir dos anos 50, nomeadamente a história económica e social[2]. A sua acção centrou-se sobretudo no século XVIII, propondo uma nova interpretação económica da governação pombalina, examinando extensamente as condições internas e externas para o desenvolvimento da indústria portuguesa no século XVIII e início do século XIX e, como já se disse, refutando algumas ideias-feitas sobre este período, como, por exemplo, as ideias de que as relações com a Inglaterra durante o século XVIII configuravam uma situação de dependência altamente prejudicial ao crescimento económico do país ou de que fora Pombal quem sacudira o jugo inglês e criara do nada a indústria em Portugal.
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[1] Como Vitorino Magalhães Godinho, Virgínia Rau, Fernando Piteira Santos, Joel Serrão, Armando de Castro e Oliveira Marques.
[2] Sobre o contributo destes historiadores para a renovação da historiografia portuguesa, ver José Amado Mendes, “A renovação da Historiografia portuguesa”, in Luís Reis Torgal, José Amado Mendes, e Fernando Catroga, História da História em Portugal (séculos XIX-XX), s.l., Círculo de Leitores, imp. 1996, pp. 277-343, e ainda as entradas de Carlos Maurício e Álvaro Ferreira da Silva para os últimos volumes do Dicionário de História de Portugal (Coord. de António Barreto e Maria Filomena Mónica), respectivamente “História – Da consolidação da história metódica à lenta renovação do pós-guerra”, in Op. Cit., Vol. VIII, Supl. F/O, 1.ª Edição, Lisboa, Livraria Figueirinhas, 1999, pp.172-177, e “História Económica”, Op. Cit., pp. 180-183. Sobre Jorge Borges de Macedo, em particular, ver, além destes textos, a entrada de Nuno Valério para o Dicionário de História do Estado Novo (Dir. de Fernando Rosas e J. M. Brandão de Brito), Vol. II, Lisboa, Circulo de Leitores, 1996, p. 534, bem como a de Jorge Pedreira para o Dicionário de História de Portugal, intitulada “Macedo, Jorge Borges de (Lisboa, 3-3-1921 – Lisboa, 1996)”, Op. Cit., p.405.

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Jorge Borges de Macedo: bibliografia essencial

É vastíssima a obra de Jorge Borges de Macedo (JBM). Ao todo engloba aproximadamente 400 títulos, ou talvez mais! Destacamos aqui aqueles que, em nosso entender, nos parecem incontornáveis e, por isso mesmo, mais relevantes. Algumas destas obras constituem verdadeiras traves-mestras da historiografia portuguesa, a saber: a já citada tese de licenciatura A Situação Económica no Tempo de Pombal. Alguns aspectos (1.ª edição, Porto, 1951), ainda hoje de leitura obrigatória para o estudo da realidade económica e social do Portugal setecentista, juntamente com a sua tese de doutoramento sobre Problemas de História da Indústria Portuguesa no Século XVIII (1.ª edição, Lisboa, 1963), “estudo que marcaria profundamente a compreensão da indústria portuguesa no século XVIII e início do século XIX” (Álvaro Ferreira da Silva); O Bloqueio Continental. Economia e Guerra Peninsular, 1803-1813 (Lisboa, 1962), pelo alargamento do objecto de estudo a matérias até aí muito pouco consideradas, como a história militar; a reedição da História de Portugal, de Luís Augusto Rebelo da Silva (Lisboa, 1971), outro trabalho de referência e para o qual JBM escreveu uma notável introdução que coloca aquele historiador oitocentista no panorama cultural do liberalismo; a excelente síntese que é o estudo Estrangeirados. Um conceito a rever (Braga, 1974), “em que relativiza o significado das posições dos estrangeirados – e neste sentido se distancia da tradição historiográfica que, retomando os problemas colocados por esses autores, vai da geração de 70 a António Sérgio, Jaime Cortesão e Vitorino Magalhães Godinho” (Jorge Pedreira); os trabalhos Um ano de luta pelo poder e a sua interpretação n’Os Lusíadas (Lisboa, 1976) e Os Lusíadas e a História (Lisboa, 1979), que reflectem uma maior atenção da sua obra aos aspectos culturais; o premiado Alexandre Herculano. Polémica e Mensagem (Lisboa, 1980); o livro Constantes da História de Portugal (Lisboa, 1981); a História Diplomática de Portugal. Constantes e Linhas de Força (Lisboa, 1987), por muitos considerada como uma das suas principais obras; o estimulante ensaio que é Portugal, um destino Histórico (Lisboa, 1990); a sua colaboração para o Dicionário de História de Portugal, de Joel Serrão, onde JBM publicou um importante conjunto de artigos, a maior parte deles sobre temas centrais, como “Nobreza”, “Burguesia”, “Absolutismo” e “Tratado de Methuen”; e, por último, uma série de estudos, menos conhecidos, mas dos mais inovadores que escreveu, não só pelos problemas que levantam como pelo carácter pioneiro, ou polémico, das suas interpretações. Estão neste caso os artigos “O aparecimento em Portugal do conceito de programa político”, in Revista Portuguesa de História, Tomo XIII, Coimbra, 1971, pp. 375-423; “Para o encontro de uma dinâmica concreta da sociedade portuguesa, 1820-1836”, in Revista Portuguesa de História, Tomo XVII, Coimbra, 1977, pp. 245-62; “A problemática tecnológica no processo de continuidade República – Ditadura Militar – Estado Novo”, in Economia, Vol. III, n.º 3, Lisboa, Outubro de 1979, pp. 427-453; “Para um estudo estrutural dos movimentos revolucionários portugueses: ensaio de formalização concreta”, in Estudos Portugueses. Homenagem a António José Saraiva, Lisboa, Instituto de Cultura e Língua portuguesa, 1990, pp. 193-213, entre outros.

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Jorge Borges de Macedo, apontamento biográfico

Jorge Borges de Macedo (JBM) nasceu em Lisboa a 3 de Março de 1921. Seu pai, José de Macedo, foi secretário-geral do Partido Republicano Radical e um defensor da solução federalista com as colónias, nomeadamente com Angola. JBM licenciou-se em 1944 na Faculdade de Letras de Lisboa em Ciências Histórico-Filosóficas com a tese A Situação Económica no Tempo de Pombal - Alguns Aspectos, estudo que, depois de publicado, em 1951, “passou imediatamente a constituir uma obra de referência sobre o governo e o tempo do Marquês de Pombal” (Jorge Pedreira). Em 1957 entrou na mesma faculdade como assistente da Prof.ª Virgínia Rau na cadeira de Teoria da História e do Prof. Manuel Heleno na cadeira de História dos Descobrimentos e da Expansão Portuguesa. Um ano depois tornou-se bolseiro do Centro de Estudos Históricos do Instituto de Alta Cultura, iniciando então os estudos sobre a problemática da indústria portuguesa, que viria a constituir o objecto de análise da sua tese de doutoramento. Doutoramento que se realizou em Junho de 1964 com a defesa da tese Problemas de História da Indústria Portuguesa no Século XVIII, onde o historiador examina longa e analiticamente os factores internos e externos que presidiram ao desenvolvimento da indústria, e que constitui, segundo alguns autores, o seu trabalho de maior de maior fôlego. Obtém nas provas 19 valores. Três anos depois, em Junho de 1967, JBM obteve o título de professor agregado de História. Em 1969 vamos encontrá-lo como catedrático da Secção de História da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. A seguir ao 25 de Abril de 1974 foi saneado desta faculdade, com a sua reintegração no ensino superior a acontecer pouco depois, em 1977, a convite da Universidade Católica Portuguesa, para a docência das cadeiras de História Económica e História Diplomática. No ano de 1980 regressou à Faculdade de Letras como regente da cadeira de História Contemporânea de Portugal. É durante este período que JBM readquire a sua notoriedade pública como historiador, resultado também da sua actividade como comentador de política internacional. Os seus trabalhos respondem então às múltiplas solicitações que lhe são feitas, versando os mais diversos assuntos. Em 1990, a convite do Secretário de Estado da Cultura, Pedro Santana Lopes, foi indigitado para director do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, função que desempenhou até ao seu falecimento. No dia 3 de Março de 1991 JBM jubilou-se como professor catedrático da Universidade de Lisboa. Durante a cerimónia foi ainda homenageado com o colar de Grande Oficial da Ordem de Santiago de Espada. Morreu a 18 de Março de 1996, com uma obra notável a todos os títulos e com vários projectos e trabalhos por acabar.